O Festival fora do palco

O Festival fora do palco

Hospedando pessoas de diversos países, além do conhecimento do folclore de cada povo, da oportunidade de apreciar espetáculos artísticos, o XI Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo promove cada vez mais para os passo-fundenses a oportunidade de interagir com diversas culturas e sociedades. Exemplo disso é Ivone Pinheiro, de 73 anos, que, desde 1992, data do primeiro festival, vem acompanhando os desfiles e apresentações. Proprietária de uma loja de artigos gauchescos na rua Moron, ela está aprendendo com cada edição do festival. Após um intervalo de quatro anos entre uma edição e outra, Ivone diz que essa pausa não foi motivo para deixar o festival menos valorizado e bonito, “Sabe que está muito bonito o festival deste ano! A pausa entre os festivais não interferiuem nada. Opessoal parece estar muito mais animado, e a temperatura está ajudando também,” refere Ivone. A comerciante destacou ainda a preferência pela apresentação dos artistas italianos por conta de sua descendência.

Ainda segundo Ivone, os antigos festivais estão presentes em sua memória. O Nexjor perguntou se ela lembrava de ter assistido ao primeiro festival. Responde: “eu me lembro de todos os festivais, todos foram muito lindos. Não é algo que se possa esquecer. Não sei se é porque a nossa loja é diferenciada, então todos vêm e compram algo, uma lembrancinha. Eles admiram as roupas da loja, a cultura diferente da deles, mesmo que algumas sejam parecidas. Se não me engano, a bota gaúcha se originou na Turquia”.

Outra experiência de grande importância para ela ocorre quando os artistas de outros países vão à sua loja à procura de presentes. O pouco conhecimento de outras línguas não impedev Ivone de atender a seus novos clientes. Ela também disse que consegue compreender até aqueles que, por vergonha, não falam nada. Destaca o dia em que uma moça foi à sua loja, e não disse absolutamente nada, tanto que não soube descobrir de que país ela era, pois apenas murmurava “uhum”.

“Quando eles não entendem o que a gente fala, eles querem preço. Um russo veio aqui e queria um berrante. Eu não entendia nada do que ele estava tentando me dizer! Aí, quando entendi que ele queria saber o preço, o desconto ele soube pedir! Mas todas as pessoas que vieram aqui, independentemente da nacionalidade, pedem desconto. Podem não saber falar a língua, mas pechinchar eles sabem,” complementa Ivone.

A lojista ressalta como os governantes dos outros países deveriam apoiar a vinda desses artistas para Passo Fundo. “O Festival de Folclore é uma troca mútua de experiência, e infelizmente nem todos têm condições de comparecer. Aqueles que têm um melhor poder aquisitivo estão hospedadosem hotéis. Osoutros ficam em casas de retiro. Porque alguns desses países recebem ajuda financeira do governo para as viagens, como tem outros que não ajudam.”

O Nexjor conversou também com a recepcionista Irene Furmann, que disse adorar o festival. “Dos três anos que eu assisti, não tem como dizer que um foi melhor que o outro. Todos foram muito bem organizados e foram todos lindos”. Da mesma forma que para Ivone, os italianos foram os que mais marcaram presença no festival desse ano. Mas não se esqueceu dos russos, por ser uma cultura muito distante da gaúcha e por serem extremamente perfeccionistas em suas apresentações.

Irene também teve a oportunidade de trocar experiências com os visitantes, entre as quais destaca o esclarecimento de dúvidas sobre a compra de produtosem Passo Fundo.“Teve um pequeno grupo do Pará que veio pedir informações de onde tinham camisetas com o nome da cidade estampada para comprar. Disseram que, desde que chegaram aqui, ainda não haviam encontrado nenhuma. Porque, apesar de comprarem lembrancinhas, não é uma coisa que eles possam usar, e que o povo deles possa ver.”

Irene deixa uma dica para os organizadores do próximo festival, que comecem a comercializar camisetas com o nome da cidade de Passo Fundo, com estampas de lugares da cidade. “É isso que eles querem; é chegar a suas cidades usando uma camiseta com alguma estampa que mostre que eles estiveram aqui, que eles participaram do Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo.”


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Isadora Sartor

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