Não apenas bonecas….

Não apenas bonecas….

“É toda a história que está exposta e não apenas bonecas” – Tânia Aimi

Tudo começou no ano de 1992, na semana de 17 a 31 de agosto, quando Passo Fundo recebeu pela primeira vez o Festival Internacional de Folclore. A partir desta data, a cada nova edição a CIOFF (Associação de Organização de Festivais Folclóricos do RS) passa a ser presenteada com objetos e principalmente com bonecas típicas dos países visitantes. Virou hábito, quase obrigatório.

Tânia Aimi, Coordenadora Geral do Museu Histórico Regional de Passo Fundo, conta que a professora Orfelina Vieira, que trabalhava com o grupo Pró-Memória da cidade, sugeriu que fosse criado um Museu Internacional de Bonecas. Dado o pontapé inicial a Secretaria do Festival começou então a cadastrar todas as bonecas recebidas, com fotografias e informações gerais, para que pudessem ficar expostas neste espaço pensado para elas.

A cada nova edição do Festival a coleção aumentava e no ano de 2002 foi feito o primeiro concurso de bonecas típicas do Rio Grande do Sul  na cidade. Para o concurso as bonecas deviam ter no mínimo 25 cm, usar trajes típicos gaúchos de qualquer época desde estancieiros até o gaúcho atual, poderiam ser prendas ou peões e cada pessoa poderia inscrever um número ilimitado de exemplares. Naquele ano houve  18 inscrições e 5 classificações, cada uma com seu devido prêmio. As bonecas deram início ao acervo Museu.

No ano de 2004 a Universidade de Passo Fundo (UPF), também se integrou ao acervo com o curso de Confecção Têxtil. Após os acadêmicos realizarem diversas pesquisas fazem a montagem de várias bonecas de diversos estados brasileiros, aumentando o número de exemplares do Museu de Bonecas do Festival. A partir daí o acervo passa a ser nacional e internacional.

Toda esta coleção até então se encontrava no Teatro Municipal Múcio de Castro, porém em 2014 o teatro fechou para reformas e as bonecas que lá estavam expostas precisavam urgentemente de um novo lar. É neste momento que o Museu Histórico Regional se propõe a abrigar todo o acervo, incluindo bonecas, materiais bibliográficos, fotografias, além da coleção de CD’s. Apenas com algumas reformas consegue dar continuidade a esta tradição e coloca à disposição de toda a comunidade interessada em conhecer.

Tânia ressalta que as bonecas não seguem um padrão, tanto é que já foram doadas bonecas de plástico, madeira, tecido, pelúcia, as únicas padronizadas são as da doação feita pela UPF, que seguem o estilo barbie, porém todas tem a vestimenta típica do estado ou país. O acervo conta com mais de 200 exemplares, no ano de 2004 foi realizada a contagem: 58 estrangeiras, 55 doadas pela UPF, 44 brasileiras, 23 bonecas no baú (estas doadas pelas artesãs da cidade), totalizando 180 exemplares.

Agnieszka Suminski, de Chicago, Estados Unidos, gostou muito da ideia de ser feito um Museu com as bonecas, ressalta em sua fala o quanto achou interessante a forma com que cada país mostra suas diferenças e semelhanças apenas por trajes ou objetos. Diz ainda que todos os países são diferentes, mas que todos têm algo em comum, o orgulho de sua cultura.

Mas afinal, por que bonecas?

No material explicativo do Museu sobre as bonecas encontram-se diversas justificativas do porquê de ser utilizada esta figura e não qualquer outra, dentre elas encontramos a Pedagogia Waldorf que diz o seguinte:

“A boneca para a criança é um espelho do seu ser, é uma amiga muito próxima do seu coração, pois sempre a acompanha em todos os seus momentos, seja nas brincadeiras, nas tristezas e alegrias, na cama ao dormir, por esse motivo a criança estabelece uma relação de imenso valor para com a boneca, e isso não ocorre com outros brinquedos”.

Não são penas bonecas, é a representação de uma história. Por serem o espelho do “ser” foram eleitas para representar toda a cultura no Festival Internacional de Folclore. Seu simbolismo trás à tona todo o significado que vem desde a infância de qualquer pessoa. A  exposição destas bonecas reforça para comunidade  a história e a cultura de quem nos visita.


Like this Article? Share it!

About the Author

Related Posts

Comments are closed.